Rodolfo percebeu que seu melhor amigo de infância estava olhando para suas cicatrizes. Olhou para elas também e resolveu contar tudo a ele, queria compartilhar aquele medo.
-Marcell, tenho algo para lhe contar, mas é melhor não irmos para escola. Lá é um lugar que não podemos confiar nas pessoas, pois são muito fofoqueiras e podem descobrir meu segredo.
-Certo, vamos ao nosso esconderijo.
Desde crianças os dois amigos moravam perto e estudavam no mesmo colégio. A duas quadras da casa deles havia uma praça com uma árvore enorme no centro com um banco ao redor, e acima uma grande casa que os dois haviam construído com a ajuda dos pais. Eles chegaram e quando a avistaram, pegaram um pedaço de madeira e puxaram a corda que ficava presa na casa para que poucos pudessem subir. Eles ainda cabiam nela e sempre que precisavam iam para lá. A casa era verde, com uma janela em cada parede, uma porta, e no assoalho havia uma abertura circular com a corda que proporcionava a subida dos garotos. Dentro da casa tinha mesa, cadeiras e uma pequena estante com seus pertences, os quais delatavam as pequenas armações feitas pelos dois quando pequenos. Eles se sentaram cada um numa cadeira, quando Rodolfo voltou a falar.
-Sonhei com a Nath pela terceira, mas não foram sonhos comuns, esses sonhos foram totalmente diferentes.
Nath era a garota por quem Rodolfo e Marcell haviam se apaixonado e tiveram um caso. Era uma linda ruiva de olhos verdes, pele branca como a de um vampiro e um sorriso misterioso que seduzia qualquer um. Apesar de sua beleza, era conhecida pelos diversos casos amorosos que já tivera. Muitas garotas tinham inveja dela e vários garotos a idolatravam, mas ninguém conhecia sua verdadeira identidade.
-Nesses sonhos estou no meio de uma floresta fechada muito escura, com uma névoa entre as árvores, quando de repente ela aparece e anda em minha direção com seu olhar sedutor. Nas primeiras vezes eu acordava quando ela beijava meu pescoço, mas desta vez ela beijou meu braço direito e logo após o mordeu. A dor foi insuportável, pensei que queria morrer e quando acordei, estava todo suado com o braço latejando e percebi que dessa vez fora real.
Marcell o olhava espantado, tivera o mesmo sonho, mas outro ser o mordia. Então resolveu mostrar sua cicatriz ao amigo. Puxou a manga até a região onde parecia que a mordida havia sido suturada.
-Eu também tenho uma mordida, mas meus sonhos foram diferentes dos seus e uma outra criatura me mordia.
Nesse momento estavam ambos sentiam uma nova sensação em seus corpos, algo diferente de tudo que já haviam sentido em suas vidas...
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